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Quanto tempo mais?

  • Foto do escritor: escritoraednamendo
    escritoraednamendo
  • 17 de set. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 7 de out. de 2022

17/09/2022 Conto

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Quanto tempo mais?

A velhice chegou, as dores chegaram, e agora? A tia idosa, sentada em sua varanda da casa, casa esta também idosa, conversa com a sobrinha. Sentada na cadeira de rodas, o ombro quebrado em uma queda na varanda, imobilizado por uma tipoia azul. Muitos anos mais do que 80...

A sobrinha chegou de longe, domingo à tarde, trazendo o lanche e a companhia por algumas horas. Na mesa de madeira antiga, sobre a toalha de plástico, o refrigerante, o pote com pão de queijo, o bolo de milho, o pão caseiro, a muçarela e o presunto. Tudo vindo da padaria, feito no dia, nada feito em casa. O tempo corrido não nos deixa mais descascar o milho, ralar e fazer o bolo, levando para o forno, para depois perfumar a casa. Já foi assim um dia nesta casa. A tia mais jovem fazia o bolo de milho no ralo antigo, uma delícia!

A conversa sobre o hoje, as doenças, os parentes idosos que já partiram, a mágoa de não ter aprendido a ler, enquanto os irmãos e primos o conseguiram. Algumas lágrimas escorrem pelo rosto. A conversa depois é dirigida ao passado, tempos mais felizes ou não. Tempo em que a mocidade a ajudava com o corpo forte, com a disposição para ter dois empregos, para criar cinco filhos e um neto.

A risada aos poucos vai voltando na varanda, em meio aos vasos floridos e ao vento brando que sopra de um lado para o outro. A vida teve bons momentos, gravados na memória que nenhuma doença ousou tocar e apagar. O passado foi amigo e, ao mesmo tempo, inimigo. Viver o hoje, visitar o passado e esquecer que o futuro possa ser curto.

O tempo vai passando, a risada indo e voltando com as histórias. Chega a hora da sobrinha partir, com pena que a visita fora tão curta. Pensando e se prometendo a voltar logo.

Quantas mais tardes de domingo existirão? Quanto mais o corpo, cada vez mais idoso, resistirá? O tempo é curto e corre tão depressa. Uma visita, uma alegria num domingo à tarde. Quantas tardes mais teremos, quantos mais domingos?

Edna Mendonça #conto #escritora Arte da foto Lídia Picoloto

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