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Uma história verdadeira

  • Foto do escritor: escritoraednamendo
    escritoraednamendo
  • 19 de out. de 2022
  • 3 min de leitura

19/10/2022 #contos

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Trecho retirado do livro “Histórias e dicas da professora Edna”


Esta é uma das muitas histórias minhas com os meus alunos, quando eu tinha 22 anos e seis anos de profissão.


Fui convidada a dar aulas no colégio particular mais famoso da cidade para ser alfabetizadora do primeiro ano. Cheguei confiante e, logo de cara, ganhei um aluno que dera muito trabalho na Pré-escola por ser indisciplinado (contaram-me isto meses depois). Foi difícil, eu queria o emprego, e eles me testando com tamanha dificuldade.

O amor sempre vence, desde o primeiro dia gostei dele. Ele fazia de tudo para chamar atenção, corria pela sala, ficava rodopiando na minha frente e cantando enquanto eu explicava a matéria. Passava carrinhos pela parede da sala e desconcentrava os outros, com o barulho que fazia.

Comecei por conquistá-lo como amiga, ignorava o que fazia de errado e elogiava o que fazia de certo. Ele começou a ficar mais sentado na carteira. Só o atendia e o ouvia, quando ele estava carteira dele. Ele descobriu que, se quisesse falar comigo, que ficasse no lugar. Um passo grande dado. Parou de atrapalhar os outros e a cantar enquanto eu falava.

Começou a se interessar pela alfabetização, ainda não sabia ler. Eu incentivava-o. Como ele queria ser sempre do contra e não gostava das atividades que os outros ganhavam, então eu inventava coisas novas para ele e fomos caminhando.

Um dia pedi que ele ficasse depois da aula comigo, sentei-me ao lado dele e disse o quanto gostava dele (era verdade), que era inteligente (também verdade) e que ficaria muito feliz em ser sua amiga e ensiná-lo a ler. Ele concordou comigo e demos as mãos, selando nosso pacto de amizade.

Quando virei as costas, a mãe dele estava na porta, com lágrimas nos olhos por ver que seu filho melhorava a cada dia na escola e era aceito por mim. Hoje, como mãe, vejo a importância de alguém que faz algo de bom por nosso filho.

Os outros alunos viam como eu o tratava e também passaram a ser amigos dele.

Foi o primeiro da sala a ler e a escrever naquele ano. Claro que continuou a fazer estripulias na sala. Convidei-o a ser meu auxiliar, era o que entregava papéis, recolhia e os entregava novamente a mim. Buscava coisas em outras salas ou na supervisão. Ficou meu amigão.

Claro que andou fora da grade do corredor externo do segundo andar de nossa escola e por aí foi. Quando aprendeu a ler, era o primeiro a acabar a atividade que eu dava e me perguntava se podia inventar outra. Claro que eu concordava, e ele inventava exercícios diferentes do que eu havia dado, era uma graça vê-lo sentado e trabalhando mais que os outros na sala.

No final do ano, todos liam, e meu aluno difícil mudou até em casa.

A mãe me contou que, aonde iam, ele aprontava, festas de família, lojas e viagens. Assim como mudou na escola, também mudou em casa e na sociedade. Os parentes perguntavam o que havia acontecido com ele.

Simplesmente, foi amado e aceito como era e, assim, foi se enquadrando na sociedade. Por onde anda não sei, só sei que fiz uma pequena diferença na vida dele. Terminei aquele ano, feliz e realizada.

Ainda não estava na moda o déficit de atividade e hiperatividade (haja atividade nele). Com certeza, ele era um aluno TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).


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