Artes da infância
- escritoraednamendo
- 20 de ago. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 18 de out. de 2022

Guerra de pedras
Tive aquela infância boa, correndo livre pelo quintal de terra, sujando os pés e os chinelos, descabelada brincando. Em nossa casa tinham quatro crianças e na casa do vizinho, no mesmo quintal, tinham mais uns cinco.
Aproveitando que nossa mãe e a mãe deles tinham saído, e nos deixados uns cuidados dos outros, resolvemos brincar de guerra.
Entre nossa casa e a casa deles, havia uma montanha de tijolos que nos separava. Sempre tinha pedaços de tijolos quebrados que viravam pedras. Declaramos guerra ao quintal vizinho.
Nós nos entrincheiramos do nosso lado e eles do lado deles. Ao grito de guerra, nós jogávamos pedra para o lado deles e eles para nosso lado.
A guerra ia animada, vai pedra, volta pedra, até que senti uma pedra bater em minha cabeça. Coisa boba, uma dorzinha de nada. Foi quando passei a mão na cabeça e ela saiu cheia de sangue.
Dei um grito que eles tinham acertado uma pedra em minha cabeça e estava sangrando. Aí a dor veio com tudo e o sangue escorria pelas minhas costas.
A guerra acabou na hora, sem vencedores e um ferido, no caso eu. Todos corremos para dentro de nossas casas.
Minha tia, mais velha do que eu, me deu um pano para eu apertar na cabeça. E o medo de quando a mãe chegasse!
Minha mãe chegou, contamos uma versão resumida, acusando os vizinhos de jogarem pedra, omitindo a história da guerra.
Naquela época, ninguém ia ao médico para coisas bobas. Fui levada para a farmácia, o farmacêutico fez curativo e tudo ficou na Santa Paz.
Nunca mais brincamos de guerra de pedras!
Quem ? Quem ? Nunca fez uma arte na infância? São lembranças inesquecíveis …